Dentro da programação da Conferência Nordeste Pelo Clima, dezenas de jovens da Paraíba, Rio Grande Norte, Piauí, Ceará, Pernambuco e São Paulo realizaram na tarde desta sexta-feira (22), no Largo de Tambaú, a Greve Pelo Clima.
Realizada pela primeira vez em 2018, a ação é organizada internacionalmente pelo Fridays for Future, movimento estruturado a partir da ativista sueca Greta Thunberg. Em 2019, a Greve se espalhou para 150 países e mobilizou milhões de pessoas na luta contra a catástrofe climática.
Para a jovem Heloíse Almeida, ativista climática em Mossoró (RN), não é por acaso que as mudanças climáticas têm sido uma pauta cada vez mais frequente nos espaços públicos, em nível local e mundial. “Esse já é o maior desafio da nossa geração e nós precisamos agir agora para cumprir com o artigo 225 da Constituição Federal e garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as futuras gerações. Não podemos esperar até que os jovens ativistas climáticos de hoje se tornem líderes porque, se não for feito o suficiente, a concentração de CO2 na atmosfera vai ultrapassar o limite viável, e até lá vamos ter perdido calotas polares, 90% dos nossos corais marinhos e a qualidade de vida da população do sertão nordestino”, refletiu a jovem potiguar.
Para a jovem paraibana, Alice Piva, de João Pessoa (PB), a sua geração sente que já nasceu sem perspectiva de futuro. “Aqueles de nós que receberam a educação climática devida entendem muito bem o que estou dizendo. Pensar que veremos o mundo que ainda não conhecemos quanto gostaríamos colapsar, nos deixa profundamente perturbados. Inclusive, o termo ansiedade climática já é usado clinicamente para descrever o que esse espírito tão sombrio do nosso tempo tem provocado às nossas mentes”, ressaltou Alice, acrescentando: “Mas nossa geração tem energia e esperança. Acreditamos que essas mudanças são possíveis”, encorajou a paraibana.
Outra jovem ativista de 24 anos, veio de Fortaleza (CE) para participar da Conferência na Paraíba. Segundo Sarah Lima, o seu estado já aqueceu 2,09 graus em relação à média de 60 anos atrás.
“Acredito que a maioria das pessoas que estão aqui, ainda não consiga sentir na pele algumas das consequências das mudanças climáticas, e isso é apenas mais uma das facetas da crise climática. Assim como todo problema socioambiental derivado do sistema capitalista, a crise climática é injusta e desigual. A população periférica, negra e indígena já sofre com todas essas consequências, apesar de contribuir muito pouco com as emissões de gases de efeito estufa. O nosso objetivo, enquanto juventude, é lutar para que todo mundo tenha um colete salva-vidas e para que a sociedade não chegue em um ponto ainda mais crítico, em que a solução seja sair da Terra”, defendeu a cearense.
De Recife (PE), o jovem biólogo Valdir Moura, aos 24 anos, reflete a situação da sua cidade natal, considerada a capital brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas. “Os dados do último relatório do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas, alertam que a região Nordeste do Brasil será uma das mais afetadas por eventos climáticos extremos. O povo nordestino já conhece na pele os efeitos de secas e enchentes, há décadas convivemos com esses eventos, no entanto eles podem se tornar ainda mais prejudiciais com o aumento progressivo da temperatura global. Se nós não nos unirmos para combater a crise climática, não haverá outras crises para combater, pois esta pode ser a última da humanidade”, alertou o pernambucano.
A Greve Pelo Clima teve início às 16h, com oficinas de cartazes e mobilizou segmentos da sociedade civil, o grupo de mulheres do Maracatu ‘Baque Mulher JP’, e contou com a presença do deputado estadual Chió (Rede/PB).
Neste Sábado (23), a Conferência Nordeste Pelo Clima segue em João Pessoa, com painéis abertos ao público no Espaço Cultural.
FONTE: Ascom Nordeste Pelo Clima / Fridays For Future Nordeste
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